A crítica da crítica
14/04/2011 16:37Todos nos arvoramos a sermos críticos. Além de termos opiniões, gostamos de dar palpites, orientar os outros, comunicando enfaticamente a nossa opinião " essse filme é ótimo", "aquele outro é muito fraco", "a peça tal é imperdível..." Pensamos que somos muito esclarecidos, se não donos da verdade, pelo menos somos arrendatários dela.
Quando sou alvo desse tipo de "dica" a primeira coisa que penso é: o amigo "crítico" conhece o meu gosto, pelo menos um mínimo a meu respeito? Sabe o que aprecio e o quê pode vir a ser do meu agrado no momento de vida que estou?
Em geral, desconfio desses "assessores" de Deus, que acham que conhecem a verdade, mas pouco me conhecem.
Por outro lado, quando me perguntam o que acho de alguma coisa ("é bom, você acha que devo ...) seja filme, música, peça teatral, cidade, livro, etc. a resposta que dou em geral é "depende". Tenho o cuidado esclarecer que a minha opinião pode até vir a servir de orientação para quem tenha o mesmo sentimento de "pertença" que eu, alguém que seja colega de tribo, ou que, pelo menos, no assunto objeto de avaliação, seja mais ou menos afinado comigo. Caso contrário, posso recomendar uma peça de humor para quem deteste humor... ou falar para quem goste de filme musical que determinado musical é uma chatice porque é musical...
" Vamos ver tal peça, dizem que é ótima". Sempre que ouço esse tipo de observação pergunto "quem dizem?". O autor do comentário pode ser uma pessoa (amigo, comentarista, ou o que seja) que tem uma "história de sucessos" com a gente, ou seja, as suas dicas de "bom/ruim" se igualaram com as nossas avaliações. Assim, essa pessoa passa ser uma "fonte confiável". O reverso da medalha também é verdadeiro. O indicado como "bom" acabou sendo ruim para nós e, vice-versa. Nesse caso, a fonte pode ser considerada como "inversa". Significa que se ela gostou, possivelmente não vou gostar.
Muito antes dos algorítimos de preferências utilizados pela Amazon e pelo Youtube, eu já fazia empiricamente esse típo de inferência. Numa série: 2,5,8,11 o número que virá muito provavelmente é 14. A isso batizei de análise de tendência. Na platéia de um show de swing/big band serão encontradas pessoas com um determinado tipo de roupa, de sapatos, de uma certa faixa de idade, com um tipo de corte de cabelo, que muito provavelmente terão gostos semelhantes em relação a lazer, turismo e filmes.
Podemos falar sobre os Beatles agora.
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